Afinal, Karl Marx tinha razão?


À melhor resposta, ofereço um café



Porque uma imagem vale por mil palavras




Em Multan, Paquistão, raparigas paquistanesas exibem as suas pinturas tradicionais de Henna. Estes adornos são parte dos preparativos para as festividades muçulmanas do Eid ul-Fitr, que assinalam o fim do Ramadão, que hoje se celebra em todo o mundo muçulmano.


Imagem: fotografia de Khalid Tanveer/AP
Fonte: aqui





1. O regresso do jornal A Semana, está marcado para o dia 10 de Outubro. A ausência de dois meses é incomprensível dada a importância do jornal, mas promete-se, desta feita, para além de uma melhoria substancial no aspecto gráfico, uma «profunda análise do conteúdo e objectivos do semanário». Ficamos à espera.

2. Ao que parece, o Governo assume publicamente o que todos já sabíamos: que o furto de energia é um dos principais cancros da empresa Electra, somando por esse facto prejuízos assinaláveis. Mas para resolver a questão energética em Cabo Verde, é preciso começar a olhar para dentro da própria casa, porque a raiz de todos os problemas está dentro da própria Electra. É caso para perguntar: quem rouba quem?

3. Uma missão do Ministério de Educação e do Ensino Superior desloca-se à Bolívia para, no próprio local, verificar das condições dos mais de 200 estudantes cabo-verdianos que por lá andam a estudar. Muito bem. Fladu fla nunca deu para se chegar a conclusão nenhuma. Nada como conhecer pessoalmente e resolver o que houver para resolver.

4. Mais duas cabo-verdianas foram apanhadas na rede do tráfico, oriundas da linha Fortaleza - Praia. Sabendo que a quantidade de droga capturada corresponderá apenas à ponta do iceberg, não custa muito perceber de onde está a vir o dinheiro para tanta ostentação que se vê por aí...




    Um pouco tarde

    Não na 4.ª classe.
    Não no 9.º ano.
    Não no 12.º ano.
    Não na Universidade.


    Um pouco tarde, mas finalmente, Bush chumbou.

Fonte: aqui
Imagem: foto de Shannon Stapleton / Reuters





«Como havia previsto, ele não dormiu nada nessa mesma noite inefável em que a conheceu, os seus pensamentos estavam mais rápidos, perturbadores e inoportunos do que nunca, previsões futuras confundiam-se com memórias passadas, nessas horas tardias, deitado de barriga para cima, olhos fixos no tecto branco do seu quarto, congeminou múltiplas possibilidades de infinitas ocorrências, mediu e tornou a medir, quantitativa e qualitativamente, o grau de esperança a que podia almejar, espreitou por todos os ângulos possíveis e imaginários todos os contornos daquela história, tentando prever o imprevisível, adivinhar o inesperado, decifrar o indecifrável, prognosticar o imprevisto, tudo para velar, com todas as suas forças, aquele amor frágil, como são todas as coisas acabadas de nascer.»


Imagem: «beyond the sea b» de David J. Nightingale




Foi bonita a festa de inauguração do novo Terminal de Passageiros do Aeroporto de S. Vicente. Embora pouco atraente do lado de fora, por dentro, ao contrário, é muito agradável, amplo e funcional. Por enquanto, apenas estará a funcionar para voos domésticos, mas informações de gente bem colocada garantiu-me que até ao primeiro trimestre do próximo ano, o Aeroporto de S. Vicente já poderá receber voos internacionais.

Só quem, como eu, já perdeu horas e horas por causa das ligações internas é que pode entender o quanto suspiramos para que um dia possamos chegar do estrangeiro ao Mindelo, directamente!

Ah, o primeiro café - primeiro mesmo! - servido na nova máquina de café, no novo bar do novo terminal do aeroporto foi servido ao gerente do Café Margoso, um vosso criado. E o fotógrafo Anselmo Fortes estava lá para testemunhar e registar o momento.



Porque uma imagem vale por mil palavras






«Os Estados Unidos que George W. Bush vai deixar em herança são o maior consumidor de energia e matérias-primas à escala global; o maior poluidor do planeta e o mais feroz adversário de todas as convenções e tentativas de inverter o caminho para o caos - tendo a Casa Branca chegado ao extremo de falsificar relatórios científicos para tentar provar que o aquecimento global não existia; são o principal factor de provocação do terrorismo islâmico e o maior destabilizador da paz no Médio Oriente, nos Balcãs, no Cáucaso; são o mais hipócrita defensor de um comércio global livre e justo, que defendem no papel e tratam de sabotar na prática, sempre que lhes dá jeito; e são, conforme se tornou agora exuberantemente exposto, o grande agente e exportador da crise económica mundial, graças à ganância dos amigos de Bush e à cumplicidade cooperante deste. Eis a herança do ‘amigo George’


Miguel Sousa Tavares, via Jumento




Tem uma boa ideia?
A Google dá 10 milhões por ela!


A Google anunciou há poucos dias um concurso de ideias para mudar o mundo, dotado de 10 milhões de dólares de prémio em dinheiro.

«Aprendemos nos últimos 10 anos que as grandes ideias surgem de todo o lado. Por isso, a Google anuncia como parte das comemorações do seu 10º aniversário o Projecto 10^100 (pronuncia-se 10 à centésima), um apelo para apresentação de ideias capazes de mudar o mundo ajudando tantas pessoas quantas for possível» - justifica a empresa.

Quem tiver ideias que possam mudar o mundo, é só apresentá-las através de um processo muito simples, descrito no site criado para o efeito, http://www.project10tothe100.com/ .




Vai-se ao Google e escreve-se «nacionalizar». Mais de metade das imagens que aparecem são do Presidente da Venezuela, Hugo Chavez. Eu sei, todos sabemos. O homem é uma espécie de ditador que impede as oposições de se manifestarem livremente e mais isto e mais aquilo. Nos últimos tempos tem-se dedicado a nacionalizar as mais importantes indústrias do país, como forma de salvaguarda do «interesse nacional».

E não é que os dois maiores críticos dessa política dita de «extrema esquerda», gurus da imbatível economia de mercado, não têm agora outro remédio perante a enorme crise financeira mundial, com epicentro nos EUA, senão... nacionalizar alguns dos monstros financeiros, a caminhar a passos largos para a falência?

Nos Estados Unidos, na Grã-Bretanha e na Europa Ocidental está a acontecer o improvável. O dinheiro dos contribuintes está a ser utilizado para comprar empresas falidas como forma de impedir o colapso financeiro mundial.

Hugo Chavez deve-se estar a rir. Marx, então, nem se fala...




Paul Newman
(1925 - 2008)




«De que mais precisa um homem senão de uma mulher pra ele amar, uma mulher com dois seios e um ventre, e uma certa expressão singular ? E enquanto pensando, enquanto esperando, de que mais precisa um homem senão de um carinho de mulher quando a tristeza o derruba, ou o destino o carrega em sua onda sem rumo ?

Sim, de que mais precisa um homem senão de suas mãos e da mulher -- as únicas coisas livres que lhe restam para lutar pelo mar, pela terra, pelo amigo...»

Vinícius de Moraes



Música: «Carolina» interpretado pelo grande e único Seu Jorge
Imagem: «Passion 1» de Manuel Libres Librodo


Bom fim-de-semana




1. Acompanhei o primeiro debate entre Barack Obama e John Mccain em directo na SIC Notícias e fiquei algo desiludido. Pareceu-me demasiado morno. A tradução em simultãneo para o português não só atrapalhava o entendimento, como chegou a ser ridicula. E o republicano foi claramente mais agressivo que o democrata. Passado 30 minutos mudei de canal. Segundo dizem as sondagens, Obama terá ganho este primeiro confronto, embora os analistas apontem para um empate técnico.

2. Descobri um excelente site, em língua portuguesa, que acompanha a par e passo tudo o que diz respeito às eleições americanas. Concebido pelo analista Nuno Gouveia, que faz esta cobertura no âmbito de uma tese de mestrado. O endereço é http://politica2008.wordpress.com e vale a pena a visita.

3. «Por enquanto que a população negra não for maioritária, nunca um negro vencerá uma eleição presidencial nos EUA», dizia-me há dias, um amigo. Fiquei a pensar nisso. Ontem soube que a população negra, ou afro-americana, corresponde apenas a 12% da população total dos EUA. Sinceramente, pensava que era muito maior. Sendo assim, ter Obama a disputar estas eleições, na frente nas sondagens e com fortes possibilidades de se tornar o próximo presidente dos EUA, já é um avanço extraordinário.




Um dos sites que gosto de visitar diariamente é o www.7fm.eu dedicado a notícias insólitas de todo o mundo. Para termos a noção de como este planeta anda todo às avessas, eis as notícias divulgadas pelo site durante esta semana:

  • Japoneses criam airbag para quedas de idosos;
  • Táxis com karaoke divertem passageiros nos EUA;
  • Pais descobrem pela TV que filhas gémeas são actrizes pornos;
  • Blogueira procura doador de esperma pela internet;
  • Cidade americana decide banir uso de sofás nos pátios e varandas;
  • Na Alemanha, polpa grande denúncia assaltante de bancos!;
  • Uganda quer proibir minissaias para evitar acidentes;

    Isto são apenas algumas das novidades da última semana. E o louco sou eu?


A nova versão da nota mais famosa do mundo...




Fonte: Jumento




Estar a conversar durante algumas horas com um senhor chamado Kaká Barbosa, dá-nos a real dimensão do significado e peso da palavra Mestre. Cada vez mais tenho consciência de que o país não tem a mínima noção da riqueza que emana dos seus filhos.

Obrigado Kaká Barbosa, poeta popular di Cabu Verdi




Confesso: cruzei-me com este comentário só agora. A propósito dos Anónimos, que defendi sempre que o merecem e tenho tratado tão bem aqui no Café Margoso. Por mim, estou na mesma: há anónimos criadores e há anónimos cobardes. Ou melhor, há criadores e há cobardes. Dar a cara não pode ser, apenas, sinónimo de «querer aparecer»! Num país onde poucos tem coragem de dizer o que realmente pensam, se começarmos a concluir que «o gajo é assim porque tem manias, gosta de aparecer», etc. e tal, estamos lixados!

O César Schofield foi atacado (está a ser atacado) por causa disso. É «demasiado pessimista». É «arrogante». Tem a mania que «é medjor ke tu gent». Façam-me o favor! Tomara termos muitos como ele. E em relação ao tal comentário, que publico aqui com alguns meses de atraso, é para que saibam que eu sei que vocês sabem que eu, como intruso, nunca poderia ter a pretensão de conhecer a alma deste povo.

«Ele não percebe que alguém que cria um pseudonimo, é em primeiro lugar um criador, um artista, e em segundo tem também as suas razões, que podem ser precisamente contrarias às suas que têm a ver com a ânsia de protagonismo; sim João Branco, eu por exemplo escolhi este pseudonimo que fecha este textinho, precisamente porque não quero protagonismos, não quero ser mais famoso do que aquilo que ja sou; quero participar, como um pobre coitado que ninguém conhece, um comum mortal, um pescador anonimo da Ponta de Praia da minha Ilha Soncente, que pelos vistos ainda o João não conheceu a alma e que nunca conhecerá porque intruso. Al Binda»

Louvado sejam os Anónimos deste país!



Quando for grande
quero ser como o Woddy Allen
!




Fotografia promocional do filme «Vicky Cristina Barcelona»



Muito interessante este estudo que encontrei no blogue di Nhu Naxu, ao que parece publicado no próprio site da Assembleia Nacional. Uma espreitadela nestes quadros estatísticos diz-nos bastante sobre o perfil do deputado da Assembleia Nacional hoje, das diferenças entre os dois maiores partidos e revela-nos alguns dados importantes.

Vamos às imagens (clicar nas imagens para ver melhor):







Agora algumas conclusões:

  • A maioria dos deputados tem entre os 45 e 60 anos de idade, sendo que a renovação geracional se sente mais na oposição do que na situação;
  • Há uma falta gritante de mulheres na Assembleia Nacional;
  • Há muitos licenciados, mas apenas um doutor com todas as letras;
  • As profissões mais presentes são as de professor, engenheiro e inspector.

Mais comentários?





Se o cão é o melhor amigo do Homem (com H grande), porque é que as mulheres chamam os homens (com h pequeno) de cachorros?


À melhor resposta, ofereço um café




«O homem e a mulher devem lavar suas partes com 1 litro de água corrente misturado com uma colher de vinagre e outra de sal grosso. Após isso, a mulher deve abrir as pernas e esperar o membro enrijecido do seu parceiro para iniciar a penetração. O homem após penetrar a mulher, não deve encostar seu peito nos seios dela, deve manter uma distância pois a fêmea deve estar rezando aos santos para que seu óvulo esteja sadio ao encontrar o espermatozóide. Depois do ato sexual, os dois devem rezar, pedindo perdão pelo prazer proibido do orgasmo. Como penitência, o açoite com vara de bambu é aceito como forma de purificação.»

Indicações da cartilha da IURD sobre relacionamento sexual

Recebido por mail




«A Igreja Universal deixou de ser uma igreja e passou a ser uma empresa, que coloca os bens materiais acima dos ensinamentos de Jesus Cristo.»

Pastor Marcelo Abrantes, ex-chefe da Igreja Universal do Reino de Deus, em Cabo Verde


Ah Ah Ah!



Recebi, a propósito do post «um novo bode expiatório», um comentário elucidativo, de uma cliente margosa que, pelo que se pode perceber, vive em Portugal e é tudo menos parva. Pareceu-me interessante partilhar isso num post renovado, porque isto dos blogues passa muito rápido, ainda mais com o ritmo que o Café Margoso parece querer impor a si mesmo. Além do mais é um texto com muitas perguntas. Como eu gosto.

Então é assim:

«Não pude deixar de comentar, pois a realidade de Portugal anda ao sabor das marés e dos ventos: calmos ou tempestuosos. Tanto são os “Brasileiros” como os “Pretos” ou “Africanos”, como os “Ciganos”, como o pessoal dos bairros mais problemáticos (dizem não sei bem quem), como por exemplo a Cova da Moura.

Sou Portuguesa, nascida e criada em Lisboa. No entanto minha Bisavó era Sevilhana e Cigana. Minha Mãe partiu de Lisboa aos 14 anos (sozinha) à procura de melhor vida em Angola e meu Pai viveu os 13 anos de guerra colonial.

Estão a imaginar minha vivência?

Minha Mãe chega cá com uma mentalidade distinta dos tugas pós 25 de Abril, meu pai continua militar e nos serviços ditos secretos militares (já posso finalmente falar disto). Minha Mãe ficou em estado de choque pela frieza com que foi recebida, pois ela era retornada e a minha casa nos primeiros anos era uma mistura de tugas com ambiente africano. Doeu e dói muito à minha mãe as diferenças de mentalidade… eu cresci e convivi com muita etnia e culturas.

No entanto a diferença de idades entre o meu irmão (ele é mais novo do que eu) fez com que ele criasse anticorpos e se afastasse dessa multicultura e eu … bem, eu me sinto um cidadão do mundo, cada vez mais colorblind. O que se passa em Portugal nada mais é o que outros países passam: choques culturais, de ideologias e de vivências.

Estamos aqui a falar dos Brasileiros… bem, e o que se passa em França? Com o pessoal de segunda e terceira linhangem? E não são só os filhos dos Portugueses… Estamos aqui a falar da Cova da Moura…? Eu frequento a Cova da Moura.

E antes de atirar a primeira pedra ao que for, olhemos bem para a nossa mistura, com quem vivemos, com quem trabalhamos e com quem relacionamos.

Os estrangeiros são precisos na Europa, e se eles não estão bem integrados devemos essa responsabilidade ao Governo e á Administração Pública, nomeadamente ao SEF. Temos graves problemas internos e os estrangeiros são o bode expiatório para que o Povo se revolte contra eles. Isso já aconteceu com os cabo-verdianos, com o pessoal do leste, com os ciganos.

Vamos é ter calma e ler entre linhas os jornais e a informação que nos querem passar. Vejo uma vez por semana o telejornal e é o suficiente: sempre mesma coisa. Ou então noticias deturpadas. O Povo necessita sim é de ter os olhos abertos e massa cinzenta crítica e construtiva.

Estamos como estamos e é porquê? Sabiam que por cá, os livros de história para os primeiros anos tem a revolução do 25 abril como algo que passou muito ao de leve? E as pessoas que morreram para ter a sua independência? Os que saíram de cá para procurar melhores condições (como minha mãe) e que regressaram e foram olhados de lado, e inseridos em guettos? E os militares? E as misturas que nasceram daí?

Acho que deveremos todos ter calma antes de dizer algo que vá magoar quem está ao nosso lado e acima de tudo, se sabemos mais, se estamos mais informados e conscientes da realidade do mundo onde estamos inseridos, devemos ajudar e não apontar dedo.

Outra coisa, além desta mistura todas no sangue e na cabeça, meu companheiro é cabo-verdiano. Já imaginaram um filho nosso?

Imagem: Cova da Moura, fotografia de Pedro Vilela





Cara: leio os dois números da revista «Ilhas», apresentada como «a revista de todos os cabo-verdianos» e tenho que dar razão a um comentário que li por aí que se resume bem nesta frase: «vocês da blogosfera andam numa de bota-abaixo, numa onda muito má, que só visto!». Porra! Anda tanta coisa boa acontecendo em Cabo Verde! Eu vi em Santiago, estradas novas, paisagens deslumbrantes, momentos em que o nosso pré-conceito do lugar nos põe a pensar se não estaremos antes na Dinamarca ou na Holanda. Vi gente simpática, bebendo cerveja tranquilamente no Plateau à 1 da manhã. Cruzei-me com tanto talento durante tão pouco tempo. E penso, por exemplo, no espectacular aeroporto da ilha da Boavista, na nova gare que vai ser inaugurada hoje mesmo em S. Vicente. No Hospital de Santiago, um mimo de obra. Na Universidade de Cabo Verde, que tem feito um trabalho tão extraordinário que poucos se lembram que não existia à cerca de dois anos. Na autêntica revolução agrícola, silenciosa e paciente, que está acontecendo no país, com sistemas novos de rega, com a bairragem de Santa Cruz, com a florestação de vastas áreas. Na construção de novos liceus, e no trabalho de formiga que está a ser feito pela classe docente para aplicação de um novo plano curricular, mais condizente com a realidade e a história de Cabo Verde. Com os campos de futebol relvados que andam a ser inaugurados, quando há bem pouco tempo se jogava no meio da terra e do pó. Com o fantástico progresso a nivel informático, não só de infra-estruturas, mas também pelo facto de hoje vivermos num país que permite ao cidadão ter uma certidão sem sair de casa, via Internet. Em Cabo Verde! Os múltiplos representantes internacionais que nas entrevistas sempre falam do país como um exemplo a seguir, com orgulho e confiança. Não podem andar todos a ser enganados ao mesmo tempo! Há mesmo coisas boas acontecendo no nosso país!

Coroa: um cronista da Praça, aqui mesmo, escreve de forma clara alguns dos motivos que podem explicar a criminalidade da nossa cidade capital e também tem toda a razão. Só não vê quem quer. Destacam-se os seguintes males: pessoas que vivem em condições inumanas; jovens que crescem e vivem em ambientes de violência latente, de violência real; alarmante desemprego jovem; baixo rendimento familiar aliado a um alto custo de vida na cidade da Praia e no país em geral; ostentação do Criolo; o homem não é o centro das políticas do Estado; partidarite aguda; classe média sem consciência social, arrogante e pretensiosa; cientistas sociais transformados em mercenários que falam e são convidados para programas de televisão sem conhecer a realidade no terreno; excesso de conferências, reciclagens, simpósios, acções de formações e carência de intervenções reais no terreno; a enorme quantidade de cabo-verdianos que se definem como artistas, intelectuais; o pouco hábito de leitura; défice de boa música nas rádios da praça. Etc e tal. Parece que Cabo Verde é também um país cheio de problemas por resolver!


Comentário cafeano: no meio disto tudo, relembro uma frase que escrevi a propósito de uma peça de teatro: no país do mar, parece que é proíbido pensar azul. Ou somos amarelos ou verdes. A realidade é rosa ou é negra. Somos todos potenciais bandidos e corruptos ou somos um exemplo para as outras nações africanas. Esquecemos tantas vezes, mesmo tendo várias no bolso, que uma moeda tem sempre duas faces.

Imagem: «temper.m'lagueta» de Kizó Oliveira




«Mais que os cabelos da minha cabeça, são os que me odeiam sem motivo. Mais duros que meus ossos, são os que injustamente me atacam. Deveria eu devolver aquilo que não roubei?

É por tua causa que eu suporto afrontas e a confusão cobre o meu rosto. Ajuda-me com tua fidelidade." (Salmos 68;5,8,14.)

Imagem: «the lost budy b» fotografia de David J. Nightingale





23 de Setembro de 1974 - 23 de Setembro de 2008


34 anos de Zona Libertada!


«Quando por volta das 23 horas, do dia 23 de Setembro, a tropa tentou entrar na zona, encontraram todos os acessos barrados com blocos. Os activistas quebraram todas as lâmpadas da iluminação pública e lançaram uma ofensiva com cokctails molotov contra os soldados portugueses. Os protestos generalizaram-se, a ponto de alguns moradores terem ficado em terraço a vigiar e lutar contra a invasão desse bairro por esses militares do regime fascista de Portugal»

Depoimento de Jorge Alberto Brito (in Semana Online)


Por alguma razão Ribeira Bote é
o bairro mais emblemático do Mindelo


Imagem: pintura de Manuel Figueira





Cada visitante do Café Margoso demora, em média,
2.39 minutos
a beber o seu café




Fonte: google analitics




Que legenda, para esta imagem?

À melhor legenda, ofereço um café

Desta vez, avanço com uma legenda lógica:
«A esposa é o equilíbrio na vida de um homem»





Foi noticiado como um grande feito: num indice de corrupção, noticia-se hoje, Cabo Verde está num (muito pouco) honroso 47º lugar, com 5,1 pontos em 10 possíveis.

Sabendo-se que este índice de combate à corrupção, divulgado anualmente, estima o grau de corrupção do sector público percepcionada pelos empresários e analistas dos respectivos países, e está organizada do menos corrupto (1º lugar) para o mais corrupto (180º), a que corresponde uma escala de 10 pontos (livre de corrupção) a zero pontos (muito corrupto), não me interessa muito que Cabo Verde seja «um dos menos corruptos países de África» ou que «subiu dois lugares do ano passado para o actual».

O que me interessa saber é porque é que existem 46 países cuja respectiva função pública, governantes incluídos, metem menos dinheiro ao bolso ou são menos sujeitos ao vasto jogo dos favorecimentos ilícitos, do que acontece no meu país.

O que me interessa saber é porque é que no país «da boa governação» - e eu, pessoalmente, em muitos casos e áreas, orgulho-me do trabalho que está a ser feito em Cabo Verde - temos uma mais do que mediana classificação de 5,1 (em 10 possíveis), quase quase na fronteira do vermelho.

Se quiserem festejar a subida de dois degraus neste ranking, por mim estão à vontade. Eu não vejo motivo algum para brindes. Oie viv na melon!




Esta é a semana dos blogues femininos. Dão um toque de classe e de sensualidade à blogosfera crioula. E se gostamos tanto de dizer que temos as mulheres mais bonitas do mundo - até porque é verdade - não há porque essa fantástica constatação não possa ter também o seu reflexo nos blogues berdianos.

Isto numa semana em que os anónimos andam a levar na cabeça, coitados. Sou contra a destratar-se um Anónimo. Um Anónimo é um eleitor mais o seu voto secreto. E se ele partir para o insulto, publique-se! Dá sempre bom aspecto umas polémicas de baixo nivel num blogue que se preze.


A subir


A descer


Um nascimento a anunciar (entrada na zona de links):

Papel com Tinta, a visitar aqui

Blogómetro Cabo Verde: todas as 4ª feiras no Café Margoso





É dificil explicar o que se sente hoje quando se entra pela ilha de Santiago adentro. Está portentosa, verde, vaidosa, quase que descarada.

As palavras, aqui, valem muito pouco.

Dizer, talvez, abençoada chuva.


Foto do blogue Ku Frontalidadi




«Simpatizo com Sarah Louise Palin, a candidata republicana a vice-presidente dos EUA. Posso facilmente imaginar o que acontece quando Sarah se livra do penteado à anos 60 e dos óculos, quando solta o cabelo e obedece à lei divina que ordena “ide e multiplicai-vos”. Simpatizo com Sarah Palin e com esse cruzamento de Donas de Casa Desesperadas, O Amor no Alasca e personagem marota de certos filmes pornográficos que nela parece haver. Os republicanos é que talvez não achem graça

In www.teatro-anatómico.blogspot.com




«Bo sta sabi na Praia!» Isto é o Abraão Vicente, de cinco em cinco minutos, para que eu não me esqueça de como me andam a tratar bem pela capital. E é verdade. Sou muito bem tratado por aqui. «Rapaz, mim un ta gostá de estôd li». Agora, com a livraria Nhô Eugénio - já lá fui duas vezes tomar café margoso - ainda mais. Lugar sabe pa fronta, moss!

Agora, há três mistérios instantâneos que me ficam desta visita. Quem souber, que me responda.

1. O que aconteceu ao jornal A Semana?
2. Porque é que as funcionárias do Cibercafé Sofia nunca sorriem?
3. É aceitável que o Palácio da Cultura esteja naquele estado?

Fica isto assim, em jeito de post abandonado, porque são perguntas que estão na categoria de mistérios, fora ainda do universo das minhas dúvidas existenciais das Perguntas Cafeanas.

Quem achar que isto merece resposta, está à-vontade...

Fotografia de Kizó Oliveira, Plateau na cidade da Praia



Un tem um Estação di meu...




Outono

...kual é di bô?



Dedicado à dona deste estabelecimento: aqui



Bô krê dançá ma mim?






Manu Chao, com «Me gustas tu», para a criatura dos dois enes («what?»)





Abstenção

Viu a moça na rua. Puxou assunto. Começaram a namorar. Para continuarem juntos, ele largou o cigarro, ela largou o marido.

Edgar Borges in «Roraima Blues»




      Na noite longa
      minha alma
      chora sua fome de séculos

      Meus olhos crescem
      e choram famintos de eternidade
      até serem duas estrelas
      brilhantes
      no céu imenso.

      E o infinito se detém em mim

      Na noite longa
      uma remotíssima nostalgia
      afunda minha alma
      E eu choro marítimas lágrimas
      Enquanto meu desejo heróico
      de engolir os céus
      se alarga
      e é já céu

      Tenho então
      a sensação esparsamente longa
      de vogar no absoluto.

      Mário Fonseca

      Fotografia de Ilya Spektor



      Bom fim-de-semana



Eis uma notícia que circulou neste dias no jornal diário português Correio da Manhã - especialista, aliás, neste género de informação especulativa, para não lhe chamar outra coisa:

«Um grupo de jovens brasileiros, «sem passado, nem futuro», quer criar o ambiente das favelas em Portugal, avança esta sexta-feira o Correio da Manhã. Os rapazes, que têm entre 19 e 22 anos, elogiam o uso de armas e têm como lema de vida a violência.

Os jovens das favelas brasileiras que se instalaram na margem sul têm entre os 19 e os 22 anos. Moram com compatriotas, muitos estão ilegais e têm cadastro. São suspeitos de actos de violência, alguns graves.

A Internet é o veículo que mais utilizam para se expressarem. No site do grupo dizem que não gostam de livros, ouvem música rap e assumem que «não têm passado, nem futuro». Partilham o ideal da violência, elogiam todo o tipo de armas e nas canções que imaginam falam de morte e sangue.

Um dos alegados elementos do Primeiro Comando de Portugal é Edivaldo Rodrigues, de 20 anos, que em Agosto, num assalto a uma ourivesaria no centro da cidade de Setúbal, disparou mortalmente sobre o proprietário da loja.

Foi depois detido pela Polícia Judiciária.»


Comentário Cafeano: cá para mim, depois dos ciganos, dos pretos e dos luso-caboverdianos, andam à procura de mais um bode expiatório.


Fonte: aqui





Vem aí a inauguração do novo Terminal do Aeroporto de S. Vicente. Diz quem viu que está muito, muito bonito! E é já no próximo dia 25 de Setembro.

Agora só falta mesmo é começarem a fazer voos internacionais directos para a ilha. No dia em que conseguir regressar a casa sem o trauma que é passar horas infindas nos aeroportos da Praia ou do Sal, vou comemorar como deve ser!

Fotografia de Neu Lopes




O nascimento de um novo estabelecimento blogueiro, é sempre motivo de notícia, principalmente se tiver potencial para marcar o panorama. Acredito que seja esse o caso.

Chama-se Boca de Tubarão, em homenagem ao mais famoso botequim do Mindelo, na rua da Praia, em plena marginal, e promete não ter papas na lingua. O gerente desse novo botequim é Neu Lopes e o mesmo garante que o grogue que se beber ali é de qualidade. Nada de grogue de pneu por aquelas bandas! Visitem neste endereço:


Longa vida ao Boca de Tubarão. Se se aguentar a um bom ritmo até à próxima 4ª feira, data marcada para um próximo Blogómetro, será alvo de nova referência margosa.






É hoje, na cidade da Praia.

Vão ver!

«Este filme tem tudo para ser um marco indelével na história cultural de Cabo Verde. Acreditem que não exagero. Pode - e deve - fazer carreira comercial, nas grandes salas da Europa. Mostra-nos que no mundo de hoje a poesia ainda conta. Já não é pouco.»

Ler restante crítica, aqui.


19 horas, no Auditório Nacional Jorge Barbosa






Nome: Natalia Verbeke

Nacionalidade: Argetina

E Deus criou a mulher...




Cruzei-me com este filme por acaso, no meio de um zap frequente e frenético. Parei. Fiquei. Até ao fim. Há muito não via um filme tão intenso, bem realizado e interpretado, e uma formidável banda sonora. Se conseguirem ver, façam-no, porque vale a pena. Chama-se «Guantanamero», realizado por Vicente Peñarrocha.

Falando do campo de concentração norte-americano de Guantanamo, não é um filme de propaganda anti-americano; Falando de uma cidade de Havana decadente e destruída, não é um filme de propaganda anti-castrista;

É um filme que nos diz, sobretudo, que por mais terrivel que seja a realidade, haverá sempre a esperança de que o amor nos pode salvar.

Eis o que nos diz a sinopse oficial do filme:

«Um olhar inquietante mas sensível sobre a mente de um prisioneiro da baía de Guantanamo, à medida que ele luta para separar a fantasia de realidade. Mergulhado na música, na cor e no romance da vibrante cultura de Havana, tenta descobrir quem era e em quem se tornou. A banda sonora inclui música original de Norman Cook (também conhecido como Fat Boy Slim), Guy Sigsworth, Cameron McVey, Poet Life e os Orishas.»




O César Schofield escreveu no seu blog que «tropa na rua é ridículo». E diz, «Vamos parar de dizer que este país é acima da média. Vamos parar de dizer que somos um destaque em África. Por falar em África, o cenário de tropas nas ruas não vos lembra nada? Ai de nós se começarmos a encaminhar para uma lógica de poder militar. Vamos parar de dizer que somos um país da morabeza. Vamos encarar os factos: socialmente estamos na M... E tropas nas ruas só confirma isso.»

E eu digo,

Tens razão quando falas no que está a provocar a desegragação social do tecido urbano cabo-verdiano. Tens razão nas soluções que propões. Não tens razão por achares que a tropa não pode ser parte dessa solução. Não resolve o problema, mas entre estarem soldados dentro dos quarteis a não fazer rigorosamente nada e a vir para a rua, nem que seja como factor de dissuasão da malandragem, por mim tudo bem. Não tenho nada contra nem vejo como isso possa ser comparado com alguma proximidade de um golpe de estado militar ou anarquia militarizada. Se as diferentes polícias, mais a tropa, mais a judiciária, mais os próprios cidadãos se juntam para tentar combater esta onda de criminalidade, qual é o problema?

Caro César, por enquanto que estivermos em Foruns a discutir «desenvolvimento humano» e andarem bandos «de pardais à solta», provocando uma total falta de autoridade nas artérias urbanas da capital, tropa na rua, sim!

Devias era questionar então, para quê tropa, numa país como Cabo Verde?

Para mim um homem com uma arma na mão é um homem com uma arma na mão. Se representa a autoridade do estado, e por conseqguinte o direito (e o dever) do cidadão, para mim tanto pode estar vestido de azul escuro como de verde tropa. É o mesmo. Desde que cumpra o seu dever e faça a paz voltar para as ruas. Por mim, podem até colocar capacetes e boinas azuis, se te parecer bem.

Quanto às comparações. Cesar, quando arranjares tempo e dinheiro, vai viajar por alguns paises africanos. Rapidamente concluirás que vives num paraíso. Mesmo que tenhas alguns soldados nas ruas da tua cidade a impedir que a violência urbana tome conta do nosso dia-a-dia e nos impeça de sair de casa.

Abraço Fraterno